O
destino fatal de um personagem histórico costuma, naturalmente, causar em seu
púbico o despertar de muitos sentimentos. Fatalidade, é na verdade, uma palavra
pesada. Usada, muitas vezes, para justificar aquilo que nem sempre está ao
nosso alcance como compreensível ou fim esperado.
A
fatalidade como incompreensão é o que me faz percorrer e voltar onze anos no
tempo, desde o fim da tarde de 16 de dezembro de 2008. Essa data marca a
população do Vale do Sabugi e, outros muitos paraibanos, uma memória de luto,
pela morte de Antônio Ivo de Medeiros. Recebi a primeira informação minutos
depois de sair da casa de meus pais, e ouvir do vizinho da esquina, a triste
confirmação de sua morte. Lembro-me que cheguei a perguntar mais de três vezes
para algumas pessoas que ali estava, como se fosse tentar refutar a fatalidade,
se o fato informado não seria algum engano. Infelizmente, era na verdade.
Biscoitão
como era chamado pelos mais próximos, e ovacionado pelos próprios eleitores, em
tempos de campanhas - morreu ao atirar contra o próprio peito, em uma sala
sozinho, na sede do antigo Paraiban, na cidade de João Pessoa.
É
difícil descrever sobre o fim deste dia, e injusto também, por toda história
que o personagem deixou como legado em sua vida profissional, política e,
principalmente, social. Quem conheceu Antônio Ivo de Medeiros, teve a
oportunidade de conhecer mais que um médico ou político - uma mão amiga,
independentemente de momentos e preferências partidárias.
A
morte de Antônio Ivo o imortalizou como prefeito de Santa Luzia, cidade que ele
sempre chamou carinhosamente de "Minha querida, Santa Luzia", mesmo
mantendo uma relação além dos limites territoriais. Era assim por onde passava,
e é exatamente assim que me recordo de uma de suas visitas a Várzea, em muitas
das ocasiões que presenciei, a última delas, em uma solenidade no Ginásio
Municipal. Sua presença era sempre sinônimo de simpatia - condição que lhe
permitia com naturalidade cativar as pessoas, e entre os figurões da política,
uma invejável admiração.
O
legado de simplicidade construído por Antônio Ivo de Medeiros foi sua principal
identificação em tudo que realizou, e isto foi tanto, que lhe rendeu das
pessoas o título de "plano de saúde" por atender a pobreza, sem
exigir nada em troca. Uma excelência que lhe rendeu através da medicina cumprir
com o objetivo primário de preservar vidas e fazer história por levar saúde
onde não existia sequer esperança, em uma época onde muitas cidades não
possuíam condições mínimas de atendimento para enfermos.
Médico,
deputado estadual e prefeito - Biscoitão uniu medicina e política como
princípio de ajudar o próximo. Sua ausência em razão de muitos compromissos,
ainda em caminhada na época de campanhas eleitorais, era tão sentida pelas
pessoas, que até um boneco (como réplica) foi feito para representar sua
presença, em muitos dos tradicionais arrastões partidários pelas ruas de Santa
Luzia.
Por
todas essas memórias, o sentimento que deve ser preservado não é o da
fatalidade, e sim, de legado solidário deixado por Antônio Ivo - que apesar do
tempo, permanece vivo como personagem histórico.
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