Por Epitácio Germano
O crescimento urbano de qualquer município sempre parte de um ponto que costumeiramente as pessoas, que ali habitam, batizam um espaço específico como demarcação para uma referência coletiva: seja o marco zero; uma Rua ou até mesmo algum símbolo representado por uma estrutura predial. Além do indicativo como marco, o lugar naturalmente se consolida como um palco de muitas memórias.
A Rua Anízio Marinho não é individualmente a
pioneira da chegada para os primeiros paralelepípedos que foram sentados no
solo, mas está identificada na cidade como sendo a primeira via pública a ligar
todo o espaço urbano de norte a sul, levando consigo a memória de um dos
maiores fazendeiros e agropecuarista da região.
A admiração automotiva era alimentada pelo desejo doce da adolescência de aprender a dirigir e até mesmo em um futuro próspero ser proprietário de um veículo. Além do Corcel e o Opala, que resistiram ao tempo fazendo parte da paisagem até os meados dos anos de 1990, outros veículos foram estacionados na história como parte desse cenário cotidiano: o Jeep de cor azul pertencente a Prefeitura, estacionado defronte a casa do prefeito Babá Batista, ou, a D 10 Chevrolet de cor vermelha, de Pedro Hermógenes parada na sombra de uma castanhola.
Os antigos carros da Anízio Marinho passavam a maior parte do tempo
com os seus motores parados, como se fossem adormecidos, mesmo assim, todos
quebravam de alguma forma a realidade local que majoritariamente era apenas
movimentada através da força humana empurrada pelos pedais de metal das antigas
Monarks.
Calçadas paralelas
Além de antigos carros, a Rua Anízio Marinho
sempre teve espaço para a criançada que brincava de esconde-esconde, doidinho
da bola, matada e rodas de conversas, muitas delas sob a sombra do pé de
castanhola, na esquina da casa de Dona Maura. As calçadas paralelas também
reuniam famílias e amigos e, em tempos de política ou desfile cívico, serviam
de arquibancadas.
Toda Rua tem sua alma encantadora, e em
todos os casos, independente do tempo e do próprio crescimento urbano, nenhuma
existe sem histórias. Os antigos carros não estão mais estacionados, todos
deram partida e seguiram sua viagem, mas o percurso de todo esse tempo continua
presente a mesma paisagem e pode ser constatado tanto pelo imaginário popular,
quanto fisicamente sobre as mesmas pedras que um dia ladrilharam o início do
desenvolvimento e chegada dos antigos carros.
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